“Você me diz que seus pais não te entendem
Mas você não entende seus pais
Você culpa seus pais por tudo, isso é absurdo
São crianças como você
O que você vai ser
Quando você crescer”
Renato Russo
Pais e Filhos
A relação entre pais e filhos sempre encontra um
terreno fértil quando tratamos de desafios. Não há pai, mãe, filho ou filha que
tenha deixado de enfrentar um, nessa íntima relação.
Na fase da infância, muito menos comum do que
gostaríamos, temos um ou outro evento marcante, mais ou menos
significativo, envolvendo sentimentos de abandono, rejeição, abuso, descaso,
agressão, … Na adolescência, quanto desentendimento! com que facilidade nos
deparamos com a palavra ‘errada’ que causa desconfortos, estranhezas e
afastamentos.
E tudo isso tão recheado de vontade de fazer dessa
relação, uma das melhores!
Não é incomum, no papel de pai/mãe, educador, nos
perguntarmos: ‘Onde foi que eu errei?!’ ou ‘Como vou lidar com isso?’. E
no papel de filho/filha: ‘Ela não me entende!’ ou ‘Tudo tem que ser do jeito
dele’.
Assim, vamos construindo nossa história nesse
ambiente tão valioso.
Dizia o pai de uma amiga minha que “família só pode
ser uma organização espiritual para resistir e lidar com tudo isso!”
Pois é... uns mais outros menos, mas de braços
dados com a vontade de fazer essa relação ser uma das melhores, somos
convocados, por amor, à perdoar.
E a gente sempre encontra um desafio dessa
qualidade, né?!
Aprender a perdoar faz a gente ver e rever uma
situação. O que o outro fez, o que fiz para o outro fazer do jeito que fez, o
que quero fazer, como quero me relacionar com o outro, como construir a paz no
mundo a partir de pequenos gestos?! Como construir uma família unida e em paz?
São desses desafios que nos cutucam cada dia, nas
miudezas, que nos desenvolvemos. São dos machucados desses desafios que
queremos nos curar, que sentimos ser importante nos desvencilhar para
fazer nossa história mais feliz, não é mesmo?
Cada um tem um chamado, tem seu momento para fazer
esse resgate da própria história mas, invariavelmente, quando nos tornamos pais
e nos defrontamos com o ‘outro lado’ da relação consideramos o que pode ter
levado nossos pais a fazerem o que fizeram ou como fizeram, e o que posso fazer
para ser um pai/mãe/educador melhor ?
Parece que nesse momento nos damos conta mais do
que nunca de que o machucado pode merecer perdão, porque mais do que nunca
queremos fazer diferente, e queremos que nossos filhos sejam felizes e que
tenham o melhor de nós, e o melhor de nós surge mais potente com essa
reparação.
E, apesar de tudo isso, quantas vezes repetimos a
história ?
Quantas vezes ?!
Assim, é preciso se questionar sobre a pessoa que
você quer ser para você mesmo e para seu filho. E lembrar que no entrelaçamento
do desenvolvimento de cada um, nossa história tem um passado e, embora não
possamos modificar o que aconteceu, podemos transformar o sentido disso na
nossa vida.
Nosso desafio é superar episódios dolorosos,
perdoar para criar histórias mais felizes. Para si mesmo e para nossos filhos.
Não é pouca responsabilidade e por isso esse tema é
de grande importância e, chego a pensar, inesgotável!
Mas nem por isso vamos deixar para lá, nem tampouco
nos afogarmos nele.
Porém, deixo as perguntas:
Qual história você repete?
Qual história você quer criar ?
Olivia Gonzalez
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